sexta-feira, 28 de abril de 2017

BÍBLICO: História da Redenção


A VERDADE ETERNA DE DEUS
“HISTÓRIA DA REDENÇÃO”


Lúcifer no Céu, antes de sua rebelião foi um elevado e exaltado anjo, o primeiro em honra depois do amado Filho de Deus.

Cristo, o amado Filho de Deus tinha preeminência sobre toda a hoste angélica. Ele era um com o Pai antes que os anjos fossem criados.

Lúcifer invejou a Cristo, e gradualmente pretendeu o comando que pertencia a Cristo unicamente.

O grande Criador convocou as hostes celestiais, para na presença de todos os anjos conferir honra especial a Seu Filho.  O Filho estava assentado no trono com o Pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao redor dEles. O Pai então fez saber que por Sua própria decisão Cristo, Seu Filho, devia ser considerado igual a Ele, assim que em qualquer lugar que estivesse presente Seu Filho, isto valeria pela Sua própria presença. A palavra do Filho devia ser obedecida tão prontamente como a palavra do Pai. Seu Filho foi por Ele investido com autoridade para comandar as hostes celestiais. Especialmente devia Seu Filho trabalhar em união com Ele na projetada criação da Terra e de cada ser vivente que devia existir sobre ela. O Filho levaria a cabo Sua vontade e Seus propósitos, mas nada faria por Si mesmo. A vontade do Pai seria realizada nEle.

Lúcifer estava invejoso e enciumado de Jesus Cristo.

Todos os anjos se curvaram ante Jesus reconhecendo Sua supremacia e alta autoridade e direito de governar

Cristo tinha sido introduzido no especial conselho de Deus na consideração de Seus planos, enquanto Lúcifer não participara deles. Ele não compreendia, nem lhe fora permitido conhecer, os propósitos de Deus. Mas, Cristo era reconhecido como o soberano do Céu, Seu poder e autoridade eram os mesmos de Deus.

Lúcifer aspirava a altura do próprio Deus. Gloriava-se na sua altivez.

Os anjos que eram leais e sinceros procuraram reconciliar este poderoso rebelde à vontade de seu Criador. Justificaram o ato de Deus em conferir honra a Seu Filho, e com fortes razões tentaram convencer Lúcifer que não lhe cabia menos honra agora, do que antes que o Pai proclamasse a honra que Ele tinha conferido a Seu Filho. Mostraram-lhe claramente que Cristo era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos fossem criados, que sempre estivera à mão direita de Deus, e Sua suave, amorosa autoridade até o presente não tinha sido questionada; e que Ele não tinha dado ordens que não fossem uma alegria para a hoste celestial executar.

Cristo recebeu honra especial de Seu Pai, na presença dos anjos.

Muitos dos simpatizantes de Lúcifer estavam inclinados a ouvir o conselho dos anjos leais e se arrependeram de sua insatisfação, e de novo receberam a confiança do Pai e Seu amado Filho.

Os anjos leais apressaram-se a relatar ao Filho de Deus o que acontecera entre os anjos. Acharam o Pai em conferência com Seu Filho amado, para determinar os meios pelos quais, para o bem-estar dos anjos leais, a autoridade assumida por Satanás podia ser para sempre retirada.

Satanás estava guerreando contra a lei de Deus, por causa da ambição de exaltar-se a si mesmo, e por não desejar submeter-se à autoridade do Filho de Deus, o grande comandante celestial.

Deus informou a Satanás que apenas a Seu Filho Ele revelaria Seus propósitos secretos, e que requeria de toda a família celestial, mesmo Satanás, que Lhe rendessem implícita e inquestionável obediência a Cristo.

Deus declarou que os rebeldes não mais podiam permanecer no Céu. Seu estado elevado e feliz tinha sido conservado sob a condição de obediência à lei que Deus dera para governar as elevadas ordens de seres.

A felicidade da hoste angélica consistia em sua perfeita obediência à lei. Cada um tinha seu trabalho especial designado, e antes da rebelião de Satanás, existira no Céu perfeita ordem e ação harmônica.

Então houve guerra no Céu. O Filho de Deus, o Príncipe do Céu, e Seus anjos leais empenharam-se num conflito com o grande rebelde e com aqueles que se uniram a ele. O Filho de Deus e os anjos verdadeiros e leais prevaleceram; e Satanás e seus simpatizantes foram expulsos do Céu. Toda a hoste celestial reconheceu e adorou o Deus da justiça. Nenhuma mácula de rebelião foi deixada no Céu. Tudo voltara a ser paz e harmonia como antes. Os anjos do Céu lamentaram a sorte daqueles que tinham sido seus companheiros de felicidade e alegria. Sua perda era sentida no Céu.

O Pai consultou Seu Filho com respeito à imediata execução de Seu propósito de fazer o homem para habitar a Terra. Colocaria o homem sob prova a fim de testar sua lealdade antes que ele pudesse ser posto eternamente fora de perigo. Se ele suportasse ao teste com o qual Deus considerava conveniente prová-lo, seria finalmente igual aos anjos. Teria o favor de Deus, podendo conversar com os anjos, e estes com ele. Deus não achou conveniente colocar os homens fora do poder da desobediência.

Pai e Filho empenharam-Se na grandiosa, poderosa obra que tinham planejado — a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de seu Criador extraordinariamente bela.

Os anjos deleitavam-se e regozijavam-se com as maravilhosas obras de Deus.

Depois que a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai e o Filho levaram a cabo Seu propósito, planejado antes da queda de Satanás, de fazer o homem à Sua própria imagem. Eles tinham operado juntos na criação da Terra e de cada ser vivente sobre ela. E agora disse Deus a Seu Filho: “Façamos o homem à Nossa imagem.”

Ao sair Adão das mãos do Criador era de nobre estatura e perfeita simetria. Tinha mais de duas vezes o tamanho dos homens que ora vivem sobre a Terra, e era bem proporcionado. Suas formas eram perfeitas e cheias de beleza. Sua cútis não era branca ou pálida, mas rosada, reluzindo com a rica coloração da saúde. Eva não era tão alta quanto Adão. Sua cabeça alcançava pouco acima dos seus ombros. Ela, também, era nobre, perfeita em simetria e cheia de beleza.

Esse casal, que não tinha pecados, não fazia uso de vestes artificiais. Estavam revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a usam os anjos. Enquanto viveram em obediência a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los.

Uma porção de seu tempo (Adão e Eva) devia ser ocupada com a feliz tarefa de cuidar do jardim, e a outra porção para receber a visita dos anjos, ouvir suas instruções, e em feliz meditação.

Neste jardim o Senhor colocou árvores de toda variedade para utilidade e beleza. Havia árvores carregadas de luxuriantes frutos, de rica fragrância, belos aos olhos e agradáveis ao paladar, designados por Deus para alimento do santo par.

Pássaros de toda a variedade de cores e plumagens esvoaçavam entre as árvores e flores e em volta de Adão e Eva, enquanto seu melodioso canto ecoava entre as árvores em doces acordes de louvor a seu Criador.

Adão e Eva estavam encantados com as belezas de seu lar edênico. Eram deleitados com os pequenos cantores em torno deles, os quais usavam sua brilhante e graciosa plumagem, e gorjeavam seu feliz, jubiloso canto. O santo par unia-se a eles e elevava sua voz num harmonioso cântico de amor, louvor e adoração ao Pai e a Seu amado Filho pelos sinais de amor ao seu redor. Reconheciam a ordem e a harmonia da criação, que falavam de sabedoria e conhecimento infinitos.

Quando Adão e Eva foram colocados no belo jardim, tinham para sua felicidade tudo que pudessem desejar. Mas Deus determinou em Seu plano onisciente, testar sua lealdade antes que eles pudessem ser considerados eternamente fora de perigo. Teriam Seu favor, Ele conversaria com eles e eles com Ele. Contudo, Ele não colocou
o mal fora do seu alcance. A Satanás foi permitido tentá-los. Se resistissem às tentações haveriam de estar no perpétuo favor de Deus e dos anjos celestiais.

A hora dos alegres e felizes cânticos de louvor a Deus e Seu amado Filho chegara. Satanás tinha dirigido o coro celestial. Tinha ferido a primeira nota; então toda a hoste angélica havia-se unido a ele, e gloriosos acordes musicais haviam ressoado através do Céu em honra a Deus e Seu amado Filho.

Deus reuniu a hoste angélica para tomar medidas e impedir o perigo ameaçador. Ficou decidido no concílio celestial que anjos deviam visitar o Éden e advertir Adão de que ele estava em perigo pela presença de um adversário. Dois anjos apressaram-se a visitar nossos primeiros pais. O santo par recebeu-os com inocente alegria, expressando gratidão a seu Criador por assim havê-los rodeado com tal profusão de Sua bondade. Todas as coisas amáveis e atrativas eram para sua alegria e tudo parecia sabiamente adaptado às suas necessidades; e o que estimavam acima de todas as outras bênçãos, era a associação com o Filho de Deus e com os anjos celestiais, pois tinham muito a relatar-lhes a cada visita, sobre suas novas descobertas das belezas naturais de seu lar edênico, e tinham muitas perguntas a fazer relativas a muita coisa que só podiam compreender indistintamente.

Os anjos benévola e amorosamente davam a informação que desejavam. Também contaram a triste história da rebelião e queda de Satanás. Então, claramente informaram-nos de que a árvore do conhecimento fora colocada no jardim para ser um penhor de sua obediência e amor a Deus; que a elevada e feliz condição de santos anjos seria conservada sob a condição de obediência; que eles estavam numa situação similar; que podiam obedecer à lei de Deus e ser inexprimivelmente felizes, ou desobedecer e perder sua elevada condição e serem mergulhados num desespero irremediável.

Contaram a Adão e Eva que Deus não os compelia a obedecer — que Ele não removera deles o poder de seguirem ao contrário de Sua vontade; que eles eram agentes morais, livres para obedecer ou desobedecer. Havia apenas uma proibição que Deus considerara próprio impor-lhes. Se transgredissem a vontade de Deus certamente morreriam. Contaram a Adão e Eva que o mais exaltado anjo, imediato a Cristo, recusara obedecer à lei de Deus, a qual tinha Ele ordenado para governar os seres celestiais; que esta rebelião causara guerra no Céu, a qual resultara na expulsão dos rebeldes, de todos aqueles que se uniram a ele em pôr em dúvida a autoridade do grande Jeová; e que o rebelde caído era agora inimigo de tudo o que interessasse a Deus e Seu amado Filho.

Contaram-lhes que Satanás propusera-se fazer-lhes mal, e que era necessário estarem alerta, porque podiam entrar em contato com o inimigo caído; mas, que não podia causar-lhes dano enquanto rendessem obediência aos mandamentos de Deus, e que, se necessário, todos os anjos do Céu viriam em seu auxílio antes que ele pudesse de alguma maneira prejudicá-los. Mas se desobedecessem ao mandamento de Deus, então Satanás teria poder para sempre molestá-los, confundi-los e causar-lhes dificuldades. Se permanecessem resolutos contra as primeiras insinuações de Satanás, estariam tão seguros quanto os anjos celestiais. Mas, se cedessem ao tentador, Aquele que não poupou os exaltados anjos, não os pouparia. Deviam sofrer o castigo da sua transgressão, pois a lei de Deus é tão sagrada como Ele próprio, e Deus requer implícita obediência de todos no Céu e na Terra.

Os anjos preveniram Eva para que não se separasse do marido em suas ocupações, pois podia ser levada a um contato com esse inimigo caído. Se se separassem um do outro, estariam em maior perigo do que se ficassem juntos. Os anjos insistiram que seguissem bem de perto as instruções dadas por Deus com referência à árvore do conhecimento, que na obediência perfeita estariam seguros, e que o inimigo não teria poder para enganá-los. Deus não permitiria que Satanás seguisse o santo par com contínuas tentações. Poderia ter acesso a eles apenas na árvore do conhecimento do bem e do mal.

Adão e Eva asseguraram aos anjos que nunca transgrediriam o expresso mandamento de Deus, pois era seu mais elevado prazer fazer a Sua vontade. Os anjos associaram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música, e como seus cânticos ressoassem cheios de alegria pelo Éden, Satanás ouviu o som de suas melodias de adoração ao Pai e ao Filho. E quando Satanás o ouviu, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele expressou a seus seguidores a sua ansiedade por incitá-los (Adão e Eva) a desobedecer, atraindo assim sobre eles a ira de Deus e mudando os seus cânticos de louvor em ódio e maldições ao seu Criador.

Deus instruíra nossos primeiros pais quanto à árvore do conhecimento, e eles foram plenamente informados da queda de Satanás, e do perigo de ouvirem as suas sugestões. Ele não os privou da faculdade de comerem do fruto proibido. Deixou que como agentes morais livres cressem na Sua palavra, obedecessem a Seus mandamentos e vivessem, ou cressem no tentador, desobedecessem e morressem. Ambos comeram, e a grande sabedoria que obtiveram foi o conhecimento do pecado e o senso de culpa. A veste de luz que os rodeara, agora desapareceu, e sob um senso de culpa e a perda de sua divina cobertura, um tremor tomou posse deles, e procuraram cobrir suas formas expostas.

Nossos primeiros pais escolheram crer nas palavras, como pensavam, de uma serpente, ainda que esta não tivesse dado nenhuma prova de seu amor. Nada tinha feito para sua felicidade e benefício, enquanto Deus lhes tinha dado todas as coisas que eram boas para comer e agradáveis à vista. Em qualquer lugar que a vista repousasse havia abundância e beleza; ainda assim Eva foi iludida pela serpente, a pensar que existia alguma coisa oculta que podia fazê-la sábia, como o próprio Deus. Em vez de crer e confiar em Deus, ela vilmente descreu de Sua bondade e acatou as palavras de Satanás.

Depois de sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma nova e mais elevada existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O ar que até então havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia regelá-los. O culposo par experimentava uma intuição de pecado. Sentiam um terror pelo futuro, uma sensação de necessidade, uma nudez de alma. Desapareceram o doce amor e a paz e feliz contentamento que haviam gozado, e em seu lugar veio uma sensação de carência que nunca tinham experimentado antes. Pela vez primeira puseram sua atenção no exterior. Eles não tinham estado vestidos, mas rodeados de luz como os anjos celestiais. Esta luz com a qual estavam circundados tinha sido retirada. Para aliviar o senso de carência e nudez que experimentavam, trataram de procurar uma cobertura para suas formas, pois como podiam, desvestidos, defrontar o olhar de Deus e dos anjos?

Satanás exultou com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a desconfiar de Deus, a duvidar de Sua sabedoria, e a procurar penetrar em Seus oniscientes planos. E por seu intermédio ele também causou a ruína de Adão, que, em conseqüência de seu amor por Eva, desobedeceu ao mandado de Deus e caiu com ela.

As novas da queda do homem se espalharam através do Céu. Toda harpa emudeceu. Os anjos com tristeza arremessaram da cabeça as suas coroas. Todo o Céu estava em agitação. Os anjos sentiram-se magoados com a vil ingratidão do homem em retribuição da rica generosidade que Deus proporcionara. Um concílio foi convocado para decidir o que se deveria fazer com o par culpado. Os anjos temiam que eles estendessem as mãos e comessem da árvore da vida, tornando-se pecadores imortais.

O Senhor visitou Adão e Eva, e tornou conhecidas as conseqüências de sua transgressão. Em sua inocência e santidade tinham eles alegremente recebido a majestosa aproximação de Deus, mas agora escondiam-se de Sua inspeção. Mas “chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” Esta pergunta foi formulada pelo Senhor, não porque Ele necessitasse de informação, mas para fixar a responsabilidade do culpado par. Que fizeste para te tornares envergonhado e com medo? Adão reconheceu sua transgressão, não porque estivesse arrependido de sua grande desobediência, mas para lançar censura a Deus: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e eu comi.” Quando foi perguntado à mulher: “Por que fizeste isto?” ela respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi.”

A Adão disse o Senhor: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás.”

Deus amaldiçoou a terra por causa do pecado de Adão e Eva em comer da árvore do conhecimento e declarou: “Com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” Deus tinha partilhado com eles o bem, mas retido o mal. Agora declara que comerão dele, isto é, devem ser relacionados com o mal todos os dias de sua vida.

Daquele tempo em diante o gênero humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Uma vida de perpétua labuta e ansiedade foi designada a Adão, em vez do alegre e feliz labor que tivera até então gozado. Estariam sujeitos ao desapontamento, pesares, dor, e finalmente à morte. Foram feitos do pó da terra, e ao pó deviam voltar.

O céu encheu-se de tristeza quando se compreendeu que o homem estava perdido, e que o mundo que Deus criara deveria encher-se de mortais condenados à miséria, enfermidade e morte, e não haveria um meio de livramento para o transgressor. A família inteira de Adão deveria morrer.

Vi o adorável Jesus, e contemplei uma expressão de simpatia e tristeza em Seu rosto. Logo eu O vi aproximar-Se da luz extraordinariamente brilhante que cercava o Pai. Disse meu anjo assistente: Ele está em conversa íntima com o Pai. A ansiedade dos anjos parecia ser intensa enquanto Jesus Se comunicava com Seu Pai. Três vezes foi encerrado pela luz gloriosa que havia em redor do Pai; e na terceira vez Ele veio de Seu Pai, e podia-se ver a Sua pessoa. Seu semblante estava calmo, livre de toda a perplexidade e inquietação, e resplandecia de benevolência e amabilidade, tais como não podem exprimir as palavras.

Fez então saber à hoste angélica que um meio de livramento fora estabelecido para o homem perdido. Dissera-lhes que estivera a pleitear com Seu Pai, e oferecera-Se para dar Sua vida como resgate, e tomar sobre Si a sentença de morte, a fim de que por meio dEle o homem pudesse encontrar perdão; que pelos méritos de Seu sangue, e obediência à lei divina, ele poderia ter o favor de Deus, e ser trazido para o belo jardim e comer do fruto da árvore da vida.

A princípio os anjos não puderam regozijar-se, pois seu Comandante nada escondeu deles, mas desvendou-lhes o plano da salvação. Jesus lhes disse que ficaria entre a ira de Seu Pai e o homem culpado, que Ele arrostaria a iniqüidade e o escárnio, e que poucos apenas O receberiam como o Filho de Deus. Quase todos O odiariam e rejeitariam. Ele deixaria toda a Sua glória no Céu, apareceria na Terra como um homem, humilhar-Se-ia como um homem, familiarizar-Se-ia pela Sua própria experiência com as várias tentações com que o homem seria assediado, a fim de que pudesse saber como socorrer os que fossem tentados; e que, finalmente, depois que Sua missão como ensinador se cumprisse, seria entregue nas mãos dos homens, e suportaria quantas crueldades e sofrimentos Satanás e seus anjos pudessem inspirar ímpios homens a infligir; que Ele morreria a mais cruel das mortes, suspenso entre o céu e a terra, como um pecador criminoso; que sofreria terríveis horas de agonia, com que o sofrimento físico de nenhuma maneira se poderia comparar. O peso dos pecados do mundo inteiro estaria sobre Ele. Disse-lhes que morreria, e ressuscitaria no terceiro dia, e ascenderia a Seu Pai para interceder pelo homem transviado e culposo.

Os anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram suas vidas. Jesus lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem. Jesus também lhes disse que teriam uma parte a desempenhar — estar com Ele, e O fortalecer em várias ocasiões. Que Ele tomaria a natureza decaída do homem, e Sua força não seria nem mesmo igual à deles. E seriam testemunhas de Sua humilhação e grandes sofrimentos. E, ao testemunharem Seus sofrimentos e o ódio dos homens para com Ele, agitar-se-iam pelas mais profundas emoções, e pelo seu amor para com Ele desejariam livrá-Lo, libertá-Lo de Seus assassinos; mas que não deveriam intervir para impedir qualquer coisa que vissem; e que desempenhariam uma parte em Sua ressurreição; que o plano da salvação estava ideado, e Seu Pai aceitaria esse plano.

Com santa tristeza Jesus consolou e animou os anjos, e os informou de que dali em diante aqueles que Ele remisse estariam com Ele, e com Ele sempre morariam; e que pela Sua morte resgataria a muitos, e destruiria aquele que tinha o poder da morte. E Seu Pai Lhe daria o reino, e a grandeza do reino sob todo o Céu, e Ele o possuiria para todo o sempre. Satanás e os pecadores seriam destruídos para nunca mais perturbarem o Céu, ou a nova Terra purificada. Jesus ordenou que o exército celestial se conformasse com o plano que Seu Pai aceitara, e se regozijassem de que o homem decaído de novo pudesse ser exaltado mediante a Sua morte, a fim de obter o favor de Deus e gozar o Céu.

Então a alegria, inexprimível alegria, encheu os Céus. E a hoste celestial cantou um cântico de louvor e adoração. Tocaram harpas e cantaram em tom mais alto do que o tinham feito antes, pela grande misericórdia e condescendência de Deus, entregando o Seu mui amado para morrer por uma raça de rebeldes. Derramaram-se louvor e adoração pela abnegação e sacrifício de Jesus; por consentir Ele em deixar o seio de Seu Pai e optar por uma vida de sofrimento e angústia, e morrer uma morte ignominiosa a fim de dar Sua vida por outros.


Pensais que o Pai entregou Seu mui amado Filho sem esforço? Não, absolutamente. Foi mesmo uma luta, para o Deus do Céu, decidir se deixaria o homem culpado perecer, ou dar Seu amado Filho para morrer por ele. Os anjos estavam tão interessados na salvação do homem que se podiam encontrar entre eles os que deixariam sua glória e dariam a vida pelo homem que ia perecer. Mas, disse o anjo, isto nada adiantaria. A transgressão era tão grande que a vida de um anjo não pagaria a dívida. Nada a não ser a morte e intercessão de Seu Filho pagaria essa dívida, e salvaria o homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças.

Mas foi aos anjos designada a obra de subirem e descerem com bálsamo fortalecedor, trazido da glória, a fim de mitigar ao Filho do homem os Seus sofrimentos, e ministrar-Lhe. Seria também sua obra proteger e guardar os súditos da graça, contra os anjos maus e as trevas que constantemente Satanás arremessa em redor deles.

era impossível a Deus alterar ou mudar Sua lei, para salvar o homem perdido, e que ia perecer; portanto, Ele consentiu em que Seu amado Filho morresse pela transgressão do homem.

Todo o Céu pranteou como resultado da desobediência e queda de Adão e Eva, a qual trouxe a ira de Deus sobre a raça humana. Foram cortados da comunicação com Deus e precipitados em desesperadora miséria. A lei de Deus não podia ser mudada para atender as necessidades humanas, pois no planejamento divino ela jamais iria perder a sua força nem dispensar a mínima parte de seus reclamos.

Os anjos de Deus foram comissionados a visitar o decaído par e informá-los de que embora não pudessem mais reter a posse de seu estado santo, seu lar edênico, por causa da transgressão da lei de Deus, seu caso não era, contudo, sem esperança.  oram então informados de que o Filho de Deus, que conversara com eles no Éden, fora tocado de piedade ao contemplar sua desesperada condição, e voluntariamente tomara sobre Si a punição devida a eles, e morreria para que o homem pudesse viver, mediante a fé na expiação que Cristo propôs fazer por ele. Mediante Cristo a porta da esperança estava aberta, para que o homem, não obstante seu grande pecado, não ficasse sob o absoluto controle de Satanás. A fé nos méritos do Filho de Deus elevaria o homem de tal maneira que ele poderia resistir aos enganos de Satanás. Um período de graça ser-lhe-ia concedido pelo qual, mediante uma vida de arrependimento e fé na expiação do Filho de Deus, ele pudesse ser redimido de sua transgressão da lei do Pai, e assim ser elevado a uma posição em que seus esforços para guardar Sua lei fossem aceitos.

Os anjos relataram-lhes a tristeza que sentiram no Céu, quando foi anunciado que eles tinham transgredido a lei de Deus, o que tornou necessário que Cristo fizesse o grande sacrifício de Sua própria preciosa vida.

Quando Adão e Eva compreenderam quão exaltada e sagrada era a lei de Deus, cuja transgressão fez necessário um dispendioso sacrifício para salvá-los e a sua posteridade da ruína total, pleitearam sua própria morte, ou que eles e sua posteridade fossem deixados a sofrer a punição de sua transgressão, de preferência a que o amado
Filho de Deus fizesse este grande sacrifício. A angústia de Adão aumentou. Viu que seus pecados eram de tão grande magnitude que envolviam terríveis conseqüências. Seria possível que o honrado Comandante celestial, que tinha andado com ele e com ele conversado quando de sua santa inocência, a quem os anjos honravam e adoravam, seria possível que Ele tivesse de Se rebaixar de Sua exaltada posição para morrer por causa da transgressão dele?

Adão foi informado de que a vida de um anjo não podia pagar o seu débito. A lei de Jeová, o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, era tão sagrada como Ele próprio; e por esta razão a vida de um anjo não podia ser aceita por Deus como sacrifício por sua transgressão. Sua lei é mais importante a Seus olhos, do que os santos anjos ao redor de Seu trono. O Pai não podia abolir nem mudar um preceito de Sua lei para socorrer o homem em sua condição perdida. Mas, o Filho de Deus, que em associação com o Pai criara o homem, podia fazer pelo homem uma expiação aceitável a Deus, dando Sua vida em sacrifício e arrostando a ira de Seu Pai. Os anjos informaram a Adão que, como sua transgressão tinha produzido morte e infelicidade, vida e imortalidade seriam produzidas mediante o sacrifício de Jesus Cristo.

A Adão foram revelados importantes eventos futuros, de sua expulsão do Éden ao dilúvio e progressivamente até o primeiro advento de Cristo sobre a Terra; Seu amor por Adão e sua posteridade levaria o Filho de Deus a condescender em tomar a natureza humana, e assim elevar, mediante Sua própria humilhação, todos aqueles que nEle cressem. Tal sacrifício era de suficiente valor para salvar o mundo inteiro; mas apenas uns poucos se beneficiariam da salvação a eles levada por um tão maravilhoso sacrifício. Muitos não se satisfariam com as condições requeridas deles para serem participantes de Sua grande salvação. Eles prefeririam o pecado e transgressão da lei de Deus antes que arrependimento e obediência, pela fé nos méritos do sacrifício oferecido. Este sacrifício era de um valor tão infinito que tornava o homem que dele se prevalecesse, mais precioso do que o ouro fino, mais precioso mesmo que uma cunha de ouro de Ofir.

Adão foi transportado através de sucessivas gerações e viu o incremento do crime, da culpa e degradação, porque o homem renderse-ia às sua fortes inclinações naturais para transgredir a santa lei de Deus. Foi-lhe mostrada a maldição de Deus caindo cada vez mais pesadamente sobre a raça humana, sobre os animais e sobre a Terra, por causa da contínua transgressão do homem. Viu que a iniqüidade e a violência aumentariam constantemente; contudo em meio a toda maré da miséria e infortúnio humanos, existiram sempre uns poucos que preservariam o conhecimento de Deus e permaneceriam imaculados em meio à degeneração moral prevalecente. Adão foi levado a compreender o que o pecado é: transgressão da lei. Foi-lhe mostrado que a degenerescência moral, mental e física seria para a raça o resultado da transgressão, até que o mundo se encheria com a miséria humana de toda espécie.

Os dias do homem foram encurtados por seu próprio curso de pecados na transgressão da justa lei de Deus. A raça foi afinal tão grandemente rebaixada que parecia inferior e quase sem valor. Os homens foram em geral incapazes de apreciar o mistério do Calvário, os grandes e elevados fatos da expiação, e o plano da salvação, por causa da condescendência da mente carnal. Contudo, não obstante a debilidade, e enfraquecimento do poder mental, moral e físico da raça humana, Cristo, fiel ao propósito pelo qual deixara o Céu, mantém o Seu interesse pelos fracos, desvalidos e degenerados espécimes de humanidade, e convida-os a ocultar nEle suas fraquezas e grandes deficiências. Se vierem a Ele, Ele suprirá todas as suas necessidades.

Pelo ato do sacrifício o pecador reconhecia sua culpa e manifestava sua fé, olhando para o grande e perfeito sacrifício do Filho de Deus, que as ofertas de animais prefiguravam. Sem a expiação do Filho de Deus não poderia haver comunicação de bênçãos ou salvação de Deus ao homem. Deus tinha zelo pela honra de Sua lei. A transgressão desta lei causou uma terrível separação entre Deus e o homem. A Adão em sua inocência fora assegurada comunhão, direta, livre e feliz, com seu Criador. Depois de sua transgressão Deus Se comunicaria com o homem mediante Cristo e os anjos.



(Fonte: História da Redenção, Capítulos: 1, 2, 3, 4, 5)

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