A VERDADE ETERNA DE DEUS
“HISTÓRIA DA
REDENÇÃO”
Lúcifer
no Céu, antes de sua rebelião foi um elevado e exaltado anjo, o primeiro em
honra depois do amado Filho de Deus.
Cristo,
o amado
Filho de Deus tinha preeminência
sobre toda a hoste angélica. Ele era um com o Pai antes que os anjos fossem
criados.
Lúcifer
invejou a Cristo, e gradualmente
pretendeu o comando que pertencia a Cristo
unicamente.
O
grande
Criador convocou as hostes
celestiais, para na presença de todos os anjos conferir honra especial a Seu
Filho. O Filho estava assentado no trono com o Pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao
redor dEles. O Pai então fez saber
que por Sua própria decisão Cristo, Seu Filho,
devia ser considerado igual a Ele, assim que em qualquer lugar que estivesse
presente Seu Filho, isto valeria pela
Sua própria presença. A palavra do Filho
devia ser obedecida tão prontamente como a palavra do Pai. Seu
Filho foi por Ele investido com
autoridade para comandar as hostes celestiais. Especialmente devia Seu
Filho trabalhar em união com Ele na
projetada criação da Terra e de cada ser vivente que devia existir sobre ela. O
Filho levaria a cabo Sua vontade e Seus propósitos, mas
nada faria por Si mesmo. A vontade do Pai
seria realizada nEle.
Lúcifer
estava invejoso e enciumado de Jesus Cristo.
Todos
os anjos se curvaram ante Jesus reconhecendo
Sua supremacia e alta autoridade e direito de governar
Cristo
tinha sido introduzido no especial conselho de Deus
na consideração de Seus planos, enquanto Lúcifer não participara deles. Ele não
compreendia, nem lhe fora permitido conhecer, os propósitos de Deus. Mas, Cristo
era reconhecido como o soberano do Céu, Seu poder e autoridade eram os mesmos
de Deus.
Lúcifer
aspirava a altura do próprio Deus. Gloriava-se na
sua altivez.
Os
anjos que eram leais e sinceros procuraram reconciliar este poderoso rebelde à
vontade de seu Criador. Justificaram o ato de
Deus em conferir honra a Seu Filho,
e com fortes razões tentaram convencer Lúcifer que não lhe cabia menos honra
agora, do que antes que o Pai proclamasse a honra que Ele tinha conferido a Seu Filho. Mostraram-lhe claramente que Cristo era o Filho de Deus, existindo
com Ele antes que os anjos fossem criados, que sempre estivera à mão direita de
Deus, e Sua suave, amorosa autoridade até o presente não tinha sido questionada; e que Ele não tinha dado ordens que não fossem uma
alegria para a hoste celestial executar.
Cristo
recebeu honra especial de Seu Pai, na presença
dos anjos.
Muitos
dos simpatizantes de Lúcifer estavam inclinados a ouvir o conselho dos anjos
leais e se arrependeram de sua insatisfação, e de novo receberam
a confiança do Pai e Seu amado Filho.
Os
anjos leais apressaram-se a relatar ao Filho de Deus o que acontecera entre os anjos. Acharam
o Pai em conferência com Seu Filho amado,
para determinar os meios pelos quais, para o bem-estar dos anjos leais, a
autoridade assumida por Satanás podia ser para sempre retirada.
Satanás
estava guerreando contra a lei de Deus, por causa da ambição
de exaltar-se a si mesmo, e por não desejar submeter-se à autoridade
do Filho de Deus, o grande comandante celestial.
Deus
informou a Satanás que apenas a Seu Filho Ele revelaria Seus propósitos secretos, e que requeria de toda a família celestial, mesmo
Satanás, que Lhe rendessem implícita e inquestionável obediência a Cristo.
Deus
declarou que os rebeldes não mais podiam permanecer no Céu. Seu estado elevado
e feliz tinha sido conservado sob a condição de obediência à lei que Deus dera para governar
as elevadas ordens de seres.
A felicidade da hoste angélica
consistia em sua perfeita obediência à lei.
Cada um tinha seu trabalho especial designado, e antes da rebelião de Satanás,
existira no Céu perfeita ordem e ação harmônica.
Então
houve guerra no Céu. O Filho de Deus, o Príncipe do Céu, e Seus anjos leais empenharam-se num conflito com
o grande rebelde e com aqueles que se uniram a ele. O Filho de
Deus e os anjos verdadeiros e leais
prevaleceram; e Satanás e seus simpatizantes foram expulsos do Céu. Toda a
hoste celestial reconheceu e adorou o Deus da justiça. Nenhuma mácula de rebelião foi deixada no Céu. Tudo
voltara a ser paz e harmonia como antes. Os anjos do Céu lamentaram a sorte
daqueles que tinham sido seus companheiros de felicidade e alegria. Sua perda
era sentida no Céu.
O Pai consultou Seu Filho com respeito
à imediata execução de Seu propósito de fazer o homem para habitar a Terra. Colocaria o homem sob prova a fim de testar sua
lealdade antes que ele pudesse ser posto eternamente fora de perigo. Se ele
suportasse ao teste com o qual Deus considerava
conveniente prová-lo, seria finalmente igual aos anjos. Teria o favor de Deus, podendo conversar com os anjos, e estes com ele. Deus não achou conveniente colocar os homens fora do
poder da desobediência.
Pai
e Filho empenharam-Se na grandiosa, poderosa obra que tinham
planejado — a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de seu Criador
extraordinariamente bela.
Os
anjos deleitavam-se e regozijavam-se com as maravilhosas obras de Deus.
Depois
que a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai
e o Filho levaram a cabo Seu propósito, planejado antes da
queda de Satanás, de fazer o homem à Sua própria imagem. Eles tinham operado
juntos na criação da Terra e de cada ser vivente sobre ela. E agora disse
Deus a Seu Filho: “Façamos o homem à Nossa imagem.”
Ao
sair Adão das mãos do Criador era de nobre estatura e perfeita simetria. Tinha
mais de duas vezes o tamanho dos homens que ora vivem sobre a Terra, e era bem
proporcionado. Suas formas eram perfeitas e cheias de beleza. Sua cútis não era
branca ou pálida, mas rosada, reluzindo com a rica coloração da saúde. Eva não
era tão alta quanto Adão. Sua cabeça alcançava pouco acima dos seus ombros. Ela,
também, era nobre, perfeita em simetria e cheia de beleza.
Esse
casal, que não tinha pecados, não fazia uso de vestes artificiais. Estavam
revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a usam os anjos. Enquanto
viveram em obediência a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los.
Uma
porção de seu tempo (Adão e Eva) devia ser ocupada com a feliz tarefa de cuidar
do jardim, e a outra porção para receber a visita dos anjos, ouvir suas
instruções, e em feliz meditação.
Neste
jardim o Senhor colocou árvores
de toda variedade para utilidade e beleza. Havia árvores carregadas de
luxuriantes frutos, de rica fragrância, belos aos olhos e agradáveis ao
paladar, designados por Deus para alimento do santo par.
Pássaros
de toda a variedade de cores e plumagens esvoaçavam entre as árvores e flores e
em volta de Adão e Eva, enquanto seu melodioso canto ecoava entre as árvores em
doces acordes de louvor a seu Criador.
Adão
e Eva estavam encantados com as belezas de seu lar edênico. Eram deleitados com
os pequenos cantores em torno deles, os quais usavam sua brilhante e graciosa
plumagem, e gorjeavam seu feliz, jubiloso canto. O santo par unia-se a eles e
elevava sua voz num harmonioso cântico de amor, louvor e adoração
ao Pai e a Seu amado Filho pelos sinais de
amor ao seu redor. Reconheciam a ordem e a harmonia da criação, que falavam de
sabedoria e conhecimento infinitos.
Quando
Adão e Eva foram colocados no belo jardim, tinham para sua felicidade tudo que
pudessem desejar. Mas Deus determinou em Seu
plano onisciente, testar sua lealdade antes que eles pudessem ser considerados
eternamente fora de perigo. Teriam Seu favor, Ele conversaria com eles e eles
com Ele. Contudo, Ele não colocou
o
mal fora do seu alcance. A Satanás foi permitido tentá-los. Se resistissem às
tentações haveriam de estar no perpétuo favor de Deus
e dos anjos celestiais.
A
hora dos alegres e felizes cânticos de louvor a Deus e Seu amado Filho chegara. Satanás tinha dirigido o coro celestial.
Tinha ferido a primeira nota; então toda a hoste angélica havia-se unido a ele,
e gloriosos acordes musicais haviam ressoado através do Céu em honra
a Deus e Seu amado Filho.
Deus
reuniu a hoste angélica para tomar medidas e impedir o perigo ameaçador. Ficou
decidido no concílio celestial que anjos deviam visitar o Éden e advertir Adão
de que ele estava em perigo pela presença de um adversário. Dois anjos
apressaram-se a visitar nossos primeiros pais. O santo par recebeu-os com
inocente alegria, expressando gratidão a seu Criador por assim havê-los
rodeado com tal profusão de Sua bondade.
Todas as coisas amáveis e atrativas eram para sua alegria e tudo parecia
sabiamente adaptado às suas necessidades; e o que estimavam
acima de todas as outras bênçãos, era a associação com o Filho de Deus e com os
anjos celestiais, pois tinham muito a
relatar-lhes a cada visita, sobre suas novas descobertas das belezas naturais
de seu lar edênico, e tinham muitas perguntas a fazer relativas a muita coisa
que só podiam compreender indistintamente.
Os
anjos benévola e amorosamente davam a informação que desejavam. Também contaram
a triste história da rebelião e queda de Satanás. Então, claramente
informaram-nos de que a árvore do conhecimento fora colocada no jardim para ser
um penhor de sua obediência e amor a Deus;
que a elevada e feliz condição de santos anjos seria conservada sob a condição
de obediência; que eles estavam numa situação similar; que podiam obedecer à
lei de Deus e ser inexprimivelmente felizes, ou desobedecer e perder sua
elevada condição e serem mergulhados num desespero irremediável.
Contaram
a Adão e Eva que Deus não os compelia
a obedecer — que Ele não removera deles o poder de seguirem ao contrário de Sua
vontade; que eles eram agentes morais, livres para obedecer ou desobedecer.
Havia apenas uma proibição que Deus considerara próprio
impor-lhes. Se transgredissem a vontade de Deus certamente morreriam. Contaram a Adão e Eva que o mais exaltado anjo,
imediato a Cristo, recusara
obedecer à lei de Deus, a qual tinha
Ele ordenado para governar os seres celestiais; que esta rebelião causara guerra
no Céu, a qual resultara na expulsão dos rebeldes, de todos aqueles que se
uniram a ele em pôr em dúvida a autoridade do grande Jeová; e que o rebelde
caído era agora inimigo de tudo o que interessasse a Deus e
Seu amado Filho.
Contaram-lhes
que Satanás propusera-se fazer-lhes mal, e que era necessário estarem alerta, porque
podiam entrar em contato com o inimigo caído; mas, que não podia causar-lhes dano
enquanto rendessem obediência aos mandamentos de Deus, e que, se necessário, todos os anjos do Céu viriam
em seu auxílio antes que ele pudesse de alguma maneira prejudicá-los. Mas se
desobedecessem ao mandamento de Deus,
então Satanás teria poder para sempre molestá-los, confundi-los e causar-lhes
dificuldades. Se permanecessem resolutos contra as primeiras insinuações de
Satanás, estariam tão seguros quanto os anjos celestiais. Mas, se cedessem ao
tentador, Aquele que não poupou os exaltados anjos, não os pouparia. Deviam sofrer
o castigo da sua transgressão, pois a lei de Deus é tão sagrada como Ele
próprio, e Deus requer implícita obediência de todos no Céu e na Terra.
Os
anjos preveniram Eva para que não se separasse do marido em suas ocupações,
pois podia ser levada a um contato com esse inimigo caído. Se se separassem um
do outro, estariam em maior perigo do que se ficassem juntos. Os anjos
insistiram que seguissem bem de perto as instruções dadas por Deus com referência à árvore do conhecimento, que na
obediência perfeita estariam seguros,
e que o inimigo não teria poder para enganá-los. Deus
não permitiria que Satanás seguisse o santo par com contínuas tentações.
Poderia ter acesso a eles apenas na árvore do conhecimento do bem e do mal.
Adão
e Eva asseguraram aos anjos que nunca transgrediriam o expresso mandamento de
Deus, pois era seu mais elevado prazer fazer a Sua vontade. Os anjos
associaram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música, e como seus
cânticos ressoassem cheios de alegria pelo Éden, Satanás ouviu o som de suas
melodias de adoração ao Pai e ao Filho.
E quando Satanás o ouviu, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele
expressou a seus seguidores a sua ansiedade por incitá-los (Adão e Eva) a
desobedecer, atraindo assim sobre eles a ira de Deus e mudando os seus cânticos
de louvor em ódio e maldições ao seu Criador.
Deus
instruíra nossos primeiros pais quanto à árvore do conhecimento, e eles foram
plenamente informados da queda de Satanás, e do perigo de ouvirem as suas
sugestões. Ele não os privou da faculdade de comerem do fruto proibido. Deixou
que como agentes morais livres cressem na Sua palavra, obedecessem a Seus
mandamentos e vivessem, ou cressem no tentador, desobedecessem e morressem.
Ambos comeram, e a grande sabedoria que obtiveram foi o conhecimento do pecado
e o senso de culpa. A veste de luz que os rodeara, agora desapareceu, e sob um
senso de culpa e a perda de sua divina cobertura, um tremor tomou posse deles,
e procuraram cobrir suas formas expostas.
Nossos
primeiros pais escolheram crer nas palavras, como pensavam, de uma serpente,
ainda que esta não tivesse dado nenhuma prova de seu amor. Nada tinha feito
para sua felicidade e benefício, enquanto Deus
lhes tinha dado todas as coisas que eram boas para comer e agradáveis à vista.
Em qualquer lugar que a vista repousasse havia abundância e beleza; ainda assim
Eva foi iludida pela serpente, a pensar que existia alguma coisa oculta que
podia fazê-la sábia, como o próprio Deus.
Em vez de crer e confiar em Deus, ela vilmente
descreu de Sua bondade e acatou as palavras de Satanás.
Depois
de sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma nova e mais
elevada existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O
ar que até então havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia
regelá-los. O culposo par experimentava uma intuição de pecado. Sentiam um terror
pelo futuro, uma sensação de necessidade, uma nudez de alma. Desapareceram o
doce amor e a paz e feliz contentamento que haviam gozado, e em seu lugar veio
uma sensação de carência que nunca tinham experimentado antes. Pela vez
primeira puseram sua atenção no exterior. Eles não tinham estado vestidos, mas
rodeados de luz como os anjos celestiais. Esta luz com a qual estavam
circundados tinha sido retirada. Para aliviar o senso de carência e nudez que
experimentavam, trataram de procurar uma cobertura para suas formas, pois como
podiam, desvestidos, defrontar o olhar de Deus
e dos anjos?
Satanás
exultou com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a desconfiar de Deus, a duvidar de Sua sabedoria, e a procurar penetrar em
Seus oniscientes planos. E por seu intermédio ele também causou a ruína de
Adão, que, em conseqüência de seu amor por Eva, desobedeceu ao mandado de Deus e caiu com ela.
As
novas da queda do homem se espalharam através do Céu. Toda harpa emudeceu. Os
anjos com tristeza arremessaram da cabeça as suas coroas. Todo o Céu estava em
agitação. Os anjos sentiram-se magoados com a vil ingratidão do homem em
retribuição da rica generosidade que Deus proporcionara. Um concílio foi convocado
para decidir o que se deveria fazer com o par culpado. Os anjos temiam que eles
estendessem as mãos e comessem da árvore da vida, tornando-se pecadores
imortais.
O
Senhor visitou Adão e Eva, e tornou conhecidas as
conseqüências de sua transgressão. Em sua inocência e santidade tinham eles alegremente
recebido a majestosa aproximação de Deus,
mas agora escondiam-se de Sua inspeção. Mas “chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi
a Tua voz soar no jardim, e temi porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu
da árvore de que te ordenei que não comesses?” Esta pergunta foi formulada pelo
Senhor, não porque Ele necessitasse de informação, mas para fixar a
responsabilidade do culpado par. Que fizeste para te tornares envergonhado e
com medo? Adão reconheceu sua transgressão, não porque estivesse arrependido de
sua grande desobediência, mas para lançar censura a Deus: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu
da árvore, e eu comi.” Quando foi perguntado à mulher: “Por que fizeste isto?”
ela respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi.”
A
Adão disse o Senhor: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da
árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por
causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos
também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o
teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó,
e em pó te tornarás.”
Deus
amaldiçoou a terra por causa do pecado de Adão e Eva em comer da árvore do
conhecimento e declarou: “Com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” Deus tinha partilhado com eles o bem, mas retido o mal.
Agora declara que comerão dele, isto é, devem ser relacionados com o mal todos
os dias de sua vida.
Daquele
tempo em diante o gênero humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Uma
vida de perpétua labuta e ansiedade foi designada a Adão, em vez do alegre e
feliz labor que tivera até então gozado. Estariam sujeitos ao desapontamento,
pesares, dor, e finalmente à morte. Foram feitos do pó da terra, e ao pó deviam
voltar.
O
céu encheu-se de tristeza quando se compreendeu que o homem estava perdido, e
que o mundo que Deus criara deveria
encher-se de mortais condenados à miséria, enfermidade e morte, e não haveria
um meio de livramento para o transgressor. A família inteira de Adão deveria
morrer.
Vi
o adorável Jesus, e contemplei uma
expressão de simpatia e tristeza em Seu rosto. Logo eu O vi aproximar-Se da luz
extraordinariamente brilhante que cercava o Pai.
Disse meu anjo assistente: Ele está em conversa íntima com o Pai. A ansiedade dos anjos parecia ser intensa enquanto
Jesus
Se comunicava com Seu Pai. Três vezes foi
encerrado pela luz gloriosa que havia em redor do Pai; e na terceira vez Ele veio de Seu Pai, e podia-se ver a Sua pessoa. Seu semblante estava
calmo, livre de toda a perplexidade e inquietação, e resplandecia de benevolência
e amabilidade, tais como não podem exprimir as palavras.
Fez
então saber à hoste angélica que um meio de livramento fora estabelecido para o
homem perdido. Dissera-lhes que estivera a pleitear com Seu Pai, e
oferecera-Se para dar Sua vida como resgate, e tomar sobre Si a sentença de
morte, a fim de que por meio dEle o homem pudesse encontrar perdão; que pelos
méritos de Seu sangue, e obediência à lei divina, ele poderia ter o favor de
Deus, e ser trazido para o belo jardim
e comer do fruto da árvore da vida.
A
princípio os anjos não puderam regozijar-se, pois seu Comandante nada escondeu
deles, mas desvendou-lhes o plano da salvação. Jesus lhes disse que
ficaria entre a ira de Seu Pai e o homem
culpado, que Ele arrostaria a
iniqüidade e o escárnio, e que poucos apenas O receberiam como o Filho de Deus. Quase todos O odiariam e rejeitariam. Ele
deixaria toda a Sua glória no Céu,
apareceria na Terra como um homem, humilhar-Se-ia como um homem, familiarizar-Se-ia
pela Sua própria experiência com as várias tentações com que o homem seria
assediado, a fim de que pudesse saber como socorrer os que fossem tentados; e
que, finalmente, depois que Sua missão como ensinador se cumprisse, seria
entregue nas mãos dos homens, e suportaria quantas crueldades e sofrimentos
Satanás e seus anjos pudessem inspirar ímpios homens a infligir; que Ele morreria a mais cruel das mortes, suspenso entre o
céu e a terra, como um pecador criminoso; que sofreria terríveis horas de
agonia, com que o sofrimento físico de nenhuma maneira se poderia comparar. O
peso dos pecados do mundo inteiro estaria sobre Ele.
Disse-lhes que morreria, e ressuscitaria no terceiro dia, e ascenderia a Seu Pai para interceder pelo homem transviado e culposo.
Os
anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram
suas vidas. Jesus lhes disse que
pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a
dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem. Jesus também lhes disse que teriam uma parte a
desempenhar — estar com Ele, e O fortalecer
em várias ocasiões. Que Ele tomaria a
natureza decaída do homem, e Sua força não seria nem mesmo igual à deles. E
seriam testemunhas de Sua humilhação e grandes sofrimentos. E, ao testemunharem
Seus sofrimentos e o ódio dos homens para com Ele,
agitar-se-iam pelas mais profundas emoções, e pelo seu amor para com Ele desejariam livrá-Lo, libertá-Lo de Seus assassinos;
mas que não deveriam intervir para impedir qualquer coisa que vissem; e que desempenhariam
uma parte em Sua ressurreição; que o plano da salvação estava ideado, e Seu Pai aceitaria esse plano.
Com
santa tristeza Jesus consolou e
animou os anjos, e os informou de que dali em diante aqueles que Ele remisse estariam com Ele,
e com Ele sempre morariam;
e que pela Sua morte resgataria a muitos, e destruiria aquele que tinha o poder
da morte. E Seu Pai Lhe daria o
reino, e a grandeza do reino sob todo o Céu, e Ele
o possuiria para todo o sempre. Satanás e os pecadores seriam destruídos para nunca
mais perturbarem o Céu, ou a nova Terra purificada. Jesus ordenou que o exército celestial se conformasse com
o plano que Seu Pai aceitara, e se
regozijassem de que o homem decaído de novo pudesse ser exaltado mediante a Sua
morte, a fim de obter o favor de Deus
e gozar o Céu.
Então
a alegria, inexprimível alegria, encheu os Céus. E a hoste celestial cantou um
cântico de louvor e adoração. Tocaram harpas e cantaram em tom mais alto do que
o tinham feito antes, pela grande misericórdia e condescendência de Deus,
entregando o Seu mui amado para morrer por uma raça de rebeldes. Derramaram-se louvor e adoração pela abnegação e
sacrifício de Jesus; por consentir Ele em deixar o seio de Seu Pai
e optar por uma vida de sofrimento e angústia, e morrer uma morte ignominiosa a
fim de dar Sua vida por outros.
Pensais
que o Pai entregou Seu
mui amado
Filho sem esforço? Não, absolutamente.
Foi mesmo uma luta, para o Deus do Céu, decidir se
deixaria o homem culpado perecer, ou dar Seu amado Filho para morrer por ele. Os anjos estavam tão interessados
na salvação do homem que se podiam encontrar entre eles os que deixariam sua
glória e dariam a vida pelo homem que ia perecer. Mas, disse o anjo, isto nada
adiantaria. A transgressão era tão grande que a vida de um anjo não pagaria a
dívida. Nada a não ser a morte e intercessão de Seu Filho pagaria essa dívida,
e salvaria o homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças.
Mas
foi aos anjos designada a obra de subirem e descerem com bálsamo fortalecedor,
trazido da glória, a fim de mitigar ao Filho do homem os Seus sofrimentos, e
ministrar-Lhe. Seria também sua obra proteger e guardar os súditos da graça,
contra os anjos maus e as trevas que constantemente Satanás arremessa em redor
deles.
era
impossível a Deus alterar ou mudar Sua lei, para salvar o homem perdido, e que
ia perecer; portanto, Ele consentiu em que Seu amado Filho morresse pela
transgressão do homem.
Todo
o Céu pranteou como resultado da desobediência e queda de Adão e Eva, a qual
trouxe a ira de Deus sobre a raça
humana. Foram cortados da comunicação com Deus
e precipitados em desesperadora miséria. A lei de Deus não podia ser mudada para atender as necessidades
humanas, pois no planejamento divino ela jamais iria perder a sua força nem
dispensar a mínima parte de seus reclamos.
Os
anjos de Deus foram
comissionados a visitar o decaído par e informá-los de que embora não pudessem
mais reter a posse de seu estado santo, seu lar edênico, por causa da
transgressão da lei de Deus, seu caso não
era, contudo, sem esperança. oram então
informados de que o Filho de Deus,
que conversara com eles no Éden, fora tocado de piedade ao contemplar sua
desesperada condição, e voluntariamente tomara sobre Si a punição devida a
eles, e morreria para que o homem pudesse viver, mediante a fé na expiação que Cristo propôs fazer por ele. Mediante Cristo a porta da esperança estava aberta, para que o
homem, não obstante seu grande pecado, não ficasse sob o absoluto controle de
Satanás. A fé nos méritos do Filho de Deus elevaria o homem de tal
maneira que ele poderia resistir aos enganos de Satanás. Um período de graça ser-lhe-ia concedido pelo
qual, mediante uma vida de arrependimento e fé na expiação do Filho de
Deus, ele pudesse ser redimido de sua
transgressão da lei do Pai, e assim ser
elevado a uma posição em que seus esforços para guardar Sua lei fossem aceitos.
Os
anjos relataram-lhes a tristeza que sentiram no Céu, quando foi anunciado que
eles tinham transgredido a lei de Deus,
o que tornou necessário que Cristo fizesse o
grande sacrifício de Sua própria preciosa vida.
Quando
Adão e Eva compreenderam quão exaltada e sagrada era a lei de Deus, cuja
transgressão fez necessário um dispendioso sacrifício para salvá-los e a sua
posteridade da ruína total, pleitearam sua própria morte, ou que eles e sua
posteridade fossem deixados a sofrer a punição de sua transgressão, de
preferência a que o amado
Filho de Deus fizesse este grande sacrifício. A angústia de Adão aumentou.
Viu que seus pecados eram de tão grande magnitude que envolviam terríveis
conseqüências. Seria possível que o honrado Comandante celestial, que
tinha andado com ele e com ele conversado quando de sua santa inocência, a quem os anjos honravam e adoravam, seria possível
que Ele tivesse de Se rebaixar de Sua exaltada posição para morrer por causa da
transgressão dele?
Adão
foi informado de que a vida de um anjo não podia pagar o seu débito. A lei de
Jeová, o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, era tão sagrada como Ele
próprio; e por esta razão a vida
de um anjo não podia ser aceita por Deus
como sacrifício por sua transgressão. Sua lei é mais importante a Seus olhos,
do que os santos anjos ao redor de Seu trono.
O Pai não podia abolir nem mudar um preceito de Sua lei
para socorrer o homem em sua condição perdida. Mas, o Filho
de Deus, que em associação com o Pai criara o homem, podia fazer pelo homem uma
expiação aceitável a Deus, dando Sua vida em sacrifício e arrostando a ira de
Seu Pai. Os anjos informaram a
Adão que, como sua transgressão tinha produzido morte e infelicidade, vida e
imortalidade seriam produzidas mediante o sacrifício de Jesus
Cristo.
A
Adão foram revelados importantes eventos futuros, de sua expulsão do Éden ao
dilúvio e progressivamente até o primeiro advento de Cristo sobre a Terra; Seu amor por Adão e sua posteridade levaria
o Filho de Deus a condescender em tomar a natureza humana, e assim elevar,
mediante Sua própria humilhação, todos aqueles que nEle cressem. Tal sacrifício era de suficiente valor para salvar
o mundo inteiro; mas apenas uns poucos se beneficiariam da salvação a eles
levada por um tão maravilhoso sacrifício. Muitos não se satisfariam com as
condições requeridas deles para serem participantes de Sua grande salvação.
Eles prefeririam o pecado e transgressão da lei de Deus antes que arrependimento e obediência, pela fé nos
méritos do sacrifício oferecido. Este sacrifício era de um valor tão infinito
que tornava o homem que dele se prevalecesse, mais precioso do que o ouro fino,
mais precioso mesmo que uma cunha de ouro de Ofir.
Adão
foi transportado através de sucessivas gerações e viu o incremento do crime, da
culpa e degradação, porque o homem renderse-ia às sua fortes inclinações
naturais para transgredir a santa lei de Deus.
Foi-lhe mostrada a maldição de Deus caindo cada vez
mais pesadamente sobre a raça humana, sobre os animais e sobre a Terra, por
causa da contínua transgressão do homem. Viu que a iniqüidade e a violência
aumentariam constantemente; contudo em meio a toda maré da miséria e infortúnio
humanos, existiram sempre uns poucos que preservariam o conhecimento de Deus e permaneceriam imaculados em meio à degeneração
moral prevalecente. Adão foi levado a compreender o que o pecado é: transgressão
da lei. Foi-lhe mostrado que
a degenerescência moral, mental e física seria para a raça o resultado da
transgressão, até que o mundo se encheria com a miséria humana de toda espécie.
Os
dias do homem foram encurtados por seu próprio curso de pecados na transgressão
da justa lei de Deus. A raça foi
afinal tão grandemente rebaixada que parecia inferior e quase sem valor. Os homens
foram em geral incapazes de apreciar o mistério do Calvário, os grandes e
elevados fatos da expiação, e o plano da salvação, por causa da condescendência
da mente carnal. Contudo, não obstante a debilidade, e enfraquecimento do poder
mental, moral e físico da raça humana, Cristo,
fiel ao propósito pelo qual deixara o Céu, mantém o Seu interesse pelos fracos,
desvalidos e degenerados espécimes de humanidade, e convida-os a ocultar nEle
suas fraquezas e grandes deficiências. Se vierem a Ele, Ele suprirá todas as
suas necessidades.
Pelo
ato do sacrifício o pecador reconhecia sua culpa e manifestava sua fé, olhando
para o grande e perfeito sacrifício do Filho de Deus, que as ofertas de animais prefiguravam. Sem a
expiação do Filho de Deus
não poderia haver comunicação de bênçãos ou salvação de Deus ao homem. Deus tinha zelo pela honra de Sua lei. A transgressão desta lei causou uma terrível
separação entre Deus e o homem. A
Adão em sua inocência fora assegurada comunhão, direta, livre e feliz, com seu
Criador. Depois de sua transgressão Deus Se comunicaria com o homem
mediante Cristo e os anjos.
(Fonte: História da
Redenção, Capítulos: 1, 2, 3, 4, 5)
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